NOITE NA TAVERNA de Álvares de Azevedo - Romantismo do Brasil
É uma coletânea de contos que apresenta características bastante singulares, uma vez que as personagens se juntam para contar fatos macabros passados em suas vidas ou criados a partir da imaginação. Assim, cada caso configura um conto, sendo que o primeiro "Uma noite do século" e o último "Ultimo beijo de amor" acabam por reunir as personagens. Os outros contos são: Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann, Johann. Dessa forma a independência de cada texto, se tomados os narradores e os elementos narrativos separadamente, desaparece quando surge um narrador em terceira pessoa que reúne as personagens na taverna. Nesse caso a independência seria aparentemente anulada em função da unidade. Álvares de Azevedo, na verdade, monta um mosaico narrativo, fazendo com que as personagens circulem entre os vários textos, criando para alguns leitores e críticos a possibilidade de classificar o texto como novela, se tomado como um todo. Mas a presente obra apresenta sete partes que podem ser consideradas como contos. Cada parte apresenta uma epígrafe (citação de um texto que se enquadra com o tema do conto), e ainda uma epígrafe geral. A epígrafe geral refere-se à aparição do pai de Hamlet, da obra homônima de Shakespeare. Traduz a idéia de medo, fantasia, noite, que dominará o tom geral da obra. Tudo começa numa taverna, onde vários personagens (protagonistas do contos) se reúnem para contar episódios de suas vidas entre baforadas em cachimbos e copos de vinho (tudo bem no clima spleen = tédio da vida, do Romantismo). O tom geral dos contos é melancólico e macabro (relativo à idéia de morte que paira no ar e que vem se confirmar no final).